Copa do Mundo de 1950

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2 min readJun 28, 2022

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Cartas promocional da Copa do Mundo de 1950, a primeira no Brasil (Fonte: Wikipédia).

Pouco antes da copa de 1938, o Brasil comunicou à FIFA o desejo de sediar a edição de 1942, mas provavelmente a Alemanha teria sido a escolhida devido ao sucesso organizativo que foi os Jogos Olímpicos de 1936. Por motivos óbvios, essa decisão nunca foi tomada. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o continente europeu tinha preocupações mais urgentes do que receber uma competição esportiva.

O Brasil foi o único candidato para receber a edição de 1950. Foi proposta a presença de seis estádios: três pequenos (10 a 15 mil lugares) em Porto Alegre, Curitiba e Recife; um construído em Belo Horizonte (Independência), um médio em São Paulo (Pacaembu, erguido em 1940); e outro gigantesco a ser levantado na então capital federal, o Rio de Janeiro.

Dentro das quatro linhas, a copa esteve gravemente desfalcada. Áustria, França, Hungria e Tchecoslováquia recusaram o convite para focar em sua reorganização institucional no pós-guerra. A Alemanha foi suspensa pela FIFA. A Argentina vivia uma relação conturbada com a FIFA e o CDB. Outras grandes seleções apresentavam condições adversas. A Itália ainda tentava se reerguer da guerra e do trágico acidente aéreo que ceifou a Il Grande Torino, tricampeão nacional e coluna dorsal da Azzurra, no ano anterior. A tradicional Espanha via no mundial uma oportunidade para reintegrar um país ainda sangrando uma guerra civil. O Uruguai, apesar da camisa pesada, estava desacreditada.

Dessa forma, o Brasil chegou à Copa do Mundo de 1950 com a obrigação de ser campeão. Esse fardo se tornou insuportável assim que o Uruguai empatou o confronto decisivo (pelas regras do torneio, o troféu ainda era do Brasil). Os quatorze minutos até a virada celeste no placar passaram num piscar de olhos.

Jogadores e torcedores mergulharam em depressão nos onze minutos finais, afinal, o Maracanazo ocorria diante de seus próprios olhos — segundo o jornalista francês Jacques de Ryswick, o gol de Ghiggia transformou o Maracanã num “silencioso cemitério”. Após o término da partida, Jules Rimet andou pelo campo com a taça que levava seu nome em mãos e no bolso o discurso de homenagem aos campeões. No entanto, a festa planejada nunca ocorreu. O presidente da FIFA contou que “quase escondido” entregou o troféu para Obdulio Varela com um aperto de mãos e “sem poder dizer uma palavra”. Anos mais tarde, o capitão da celeste reconheceria que “tristeza dos brasileiros foi muito maior que a alegria dos uruguaios”.

Ghiggia comemora o gol da virada contra o Brasil na final. A celeste se sagrava bicampeã, e o Brasil mergulhava em depressão com o Maracanazo (Fonte: Globo Esporte).

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Tentando enxergar o futebol para além do campo. Estudante de geografia.